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Casamento e escolha profissional: Qual a relação?

Publicado por: Leticia Benvenuti Castelo - 24/08/2015

Em primeiro lugar, o que nos faz querer casar com alguém? Como escolhemos alguém para casar? Que emoções vivenciamos, quando estamos às vésperas de dizer “sim”? Como ter certeza se a pessoa escolhida é a “certa” para casar? Estas e outras questões permeiam, comumente, os pensamentos de alguém que está escolhendo se casar.

A partir do meu contato com jovens que estão escolhendo, pela primeira vez, sua profissão, percebo a similaridade entre as questões acima e as vivenciadas por eles no momento de realizar sua escolha profissional. Quando escolhemos alguém para casar, desejamos que seja “para toda a vida”, ou que, no mínimo, seja uma relação duradoura. Buscamos também, alguém que nos faça experimentar a chamada realização pessoal. Diferentemente das relações casuais, como os atuais “ficantes” ou “peguetes” dos adolescentes, num casamento ou em um namoro sério queremos uma pessoa com quem a gente se identifique. Esse desejo de perpetuação está presente também na escolha profissional. Mesmo existindo a possibilidade de mudar a escolha, ao longo do caminho, tanto no casamento como na profissão, queremos que essa mudança não aconteça, principalmente por decorrência das consequências desgastantes e negativas que podem existir.

É interessante lembrar que, mesmo depois de anos de relacionamento e de uma sensação de certeza de que esta é a pessoa certa para compartilhar a vida, no momento em que nos aproximamos da efetivação do casamento, podemos experimentar sentimentos e emoções como insegurança, angústia e medo. Isso acontece principalmente pela impossibilidade de se ter a tão sonhada “certeza absoluta”.

Quando refletimos sobre a escolha profissional, podemos identificar essas emoções nos jovens. Mesmo aqueles que já experimentavam uma certeza da profissão que iriam exercer, às vésperas da inscrição no vestibular, procuram um auxílio profissional, pois estão sentindo-se inseguros e com medo de errar.

Além desses aspectos, o que vejo acontecer com boa parte dos adolescentes é estudar exaustivamente para “passar no vestibular”, sem ao menos saber para qual curso irá se inscrever. Eu costumo dizer que essa situação pode ser comparada a alguém que se prepara para um casamento, organiza todo o evento, sem antes ter definido quem será o noivo ou a noiva.

A escolha profissional é, para muitos jovens, a primeira escolha significativa que os mesmos precisam realizar em sua vida e, infelizmente, nem todos são ensinados (seja pela família ou seja pela escola) a realizar escolhas.

O trabalho de orientação profissional tem o objetivo de auxiliar os jovens nesse momento de escolha de sua profissão. Para isso, contribui para o autoconhecimento e para o conhecimento das profissões e do mercado de trabalho, de modo a facilitar a análise das possibilidades de escolha com os critérios que são importantes para o jovem, que englobam seus valores pessoais e familiares, seus objetivos pessoais e profissionais, além dos aspectos que consideram importantes para sua vida profissional. A orientação profissional colabora também para a identificação dos fatores que influenciam na escolha do adolescente, de modo a utilizá-los de maneira favorável na sua decisão.

Pode-se dizer então que, a orientação profissional procura contribuir para que o casamento entre o jovem e sua profissão seja o mais duradouro possível. Afinal, nos dias atuais, quem deseja casar-se com um desconhecido?