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Como motivar sua equipe?

Publicado por: Leticia Benvenuti Castelo - 15/08/2017

Motivação é um dos temas mais comuns e ao mesmo tempo mais complexos para se trabalhar no mundo corporativo. Todos nós sentimos a motivação, a desmotivação e o impacto delas para a equipe e para os resultados em geral. Mas como desenvolver a motivação? É possível motivar alguém? Motivação é interna ou externa? Dinheiro gera motivação?

Essas e outras perguntas sempre aparecem, quando começo a falar de motivação para líderes, dentro das empresas que atuo como consultora ou até mesmo com meus clientes executivos.

Para compreender a motivação, precisamos primeiramente enxergar teoricamente esse tema e compreender que devemos pensar em processos motivacionais e não apenas em motivação. Quando falo de processos motivacionais estou englobando a desmotivação também. Vamos compreender os conceitos.

O que é motivação

Motivação é algo que me mobiliza para ação, é o motor, o que nos move. Desmotivação tem relação com desvincular-se, desapegar-se e não simplesmente o oposto da motivação. Ou seja, para que eu trabalhe a motivação para uma situação nova, por exemplo, eu preciso me desmotivar da situação antiga.

Tá aí um dos principais erros cometidos dentro de algumas empresas: transferem um funcionário motivado de uma equipe para outra e não compreendem porque ele se desmotivou na nova situação, mesmo sendo do interesse dele essa transferência. Isso ocorre pois ele não de desmotivou da equipe ou da atividade anterior.

Talvez esse conceito seja mais fácil de perceber na vida pessoal. Quantas vezes não nos sentimos motivadas com nosso atual relacionamento, ou atual casa, ou atual corpo físico, pois ficamos nos lembrando de como “era bom” a situação anterior? Deste modo, o primeiro passo para trabalhar a motivação é saber que precisamos da desmotivação.

A Teoria dos Dois Fatores

Bom, esclarecido esse conceito inicial, quero compartilhar com vocês uma teoria de motivação que utilizo como base para meus trabalho, pois acredito que ela, dentre as teorias motivacionais existentes, é a que mais se aplica a diferentes contextos e a que mais oferece subsídios para a atuação dos líderes e estratégias empresariais. Estou falando da Teoria dos Dois Fatores de Frederick Herzberg.

De acordo com essa teoria, existem, no campo profissional, duas categorias de fatores: os higiênicos e os motivacionais. Os fatores motivacionais estão relacionados diretamente à tarefa que eu desempenho: o quanto gosto do que faço, o quanto percebo que minhas competências estão sendo utilizadas na atividade que realizo, o quanto sinto que estou engajado e comprometido com minhas tarefas e etc.

Os fatores higiênicos, por sua vez, englobam todos os demais itens: salário, benefícios, ambiente, condições de trabalho, relacionamento com chefia e colegas, dentre outros.

Os fatores motivacionais podem me gerar satisfação ou não-satisfação, caso não estejam sendo atendidos. Os fatores higiênicos podem me gerar insatisfação ou não-insatisfação, no caso de estarem positivos para mim.

Ou seja, posso estar ao mesmo tempo satisfeito e insatisfeito, pois estamos tratando de fatores distintos. Muito confuso? Vamos a alguns exemplos:

Imagine uma professora de escola pública, que ama o seu trabalho, adora dar aulas e sente o quanto é importante sua atividade profissional. Entretanto, ela recebe um salário baixo e muitas vezes tem péssimas condições de trabalho. Ela está insatisfeita (fatores higiênicos) e ao mesmo tempo satisfeita (fatores motivacionais). Deste modo, podemos ter quatro estados profissionais, no que se refere aos processos motivacionais:

  • O profissional pode estar Satisfeito e Insatisfeito
  • Pode estar Satisfeito e não-insatisfeito
  • Pode estar Não-satisfeito e Insatisfeito
  • E pode estar Não-satisfeito e Não-insatisfeito

Lembrando que estamos falando de estado temporário e não de perfil do profissional. O estado ideal seria que os profissionais estejam satisfeitos e não-insatisfeitos, mas nem sempre essa é a realidade.

Como aumentar os estados de satisfação?

E como aumentar o número de profissionais nesse estado?

  • O primeiro passo é diagnosticar: como estão os processos motivacionais da minha equipe? Lembrando que o diagnóstico é individual para cada profissional. Existem ferramentas que auxiliam nesse diagnóstico, mas também é possível avaliar a motivação observando a relação do profissional com seu trabalho e também realizando algumas perguntas para ele. Identifique como estão os fatores higiênicos e os motivacionais dele.
  • Detalhe o diagnóstico: é importante avaliar dentro de cada categoria de fator, quais os itens que estão provocando maior insatisfação ou não-satisfação no profissional. Porque ambos envolvem inúmeros subfatores.
  • Depois é hora de traçar ações estratégicas para cada membro da equipe. Se o profissional está insatisfeito, você precisa “mexer” nos fatores higiênicos. Se ele está não-satisfeito você precisará intervir na tarefa que ele desempenha, trocando ele de função por exemplo, ou aumentando o grau de responsabilidade e desafio da sua atividade. O maior erro das empresas é querer motivar mexendo nos fatores higiênicos, sendo que ele está não-satisfeito. Ou, ao contrário, muda-lo de tarefa sendo que ele está insatisfeito.
  • Caso ele esteja não-satisfeito e insatisfeito é necessário avaliar se faz sentido realizar alguma ação com esse profissional. Caso seja importante para a empresa, procure identificar qual fator será mais impactante positivamente para ele, pois não conseguimos, ao mesmo tempo, mexer nos dois fatores com uma única ação.
  • Avalie o impacto de suas ações e como foi a resposta do profissional. Caso necessário, realize novas intervenções.
  • Mantenha-se constantemente atento e observando sua equipe:  a motivação ou satisfação não são estáticas e imutáveis. Por isso, é essencial que o líder procure sempre observar como estão os processos motivacionais de sua equipe, analisando principalmente como cada profissional reage frente a um novo desafio. Ele se interessa ou reluta? Trata-se de um bom indicador para medir o grau de motivação da equipe.

Conclusão

Como podemos ver, embora a motivação seja um processo interno, pois se trata de um “motor” que nos move, os fatores externos podem contribuir para facilitar esse movimento ou atrapalhar. Cabe ao líder identificar e intervir junto a equipe para que todos possam se manter motivados com o trabalho.